Superar obstáculos, encontrar soluções possíveis e reposicionar o setor de olho em novos mercados e novos consumidores. Com essas propostas, a Ajorio concluiu na primeira semana de novembro a série de 3 workshops com a expertise da FGV Projetos cujos resultados serão divulgados no início de 2018. O setor de joias é um dos seis escolhidos pela Fecomercio para a realização do projeto para aprofundar o trabalho do Mapa Estratégico do Comércio. Os demais são os setores de construção, eletrodomésticos, moda, vidro, material elétrico e material de limpeza.
“Queremos conhecer a fundo quais fatores contribuem para o desenvolvimento do setor e de que forma podemos nos preparar para promover esse desenvolvimento e para atender a novas demandas do consumidor”, disse a presidente da Associação dos Joalheiros e Relojoeiros do Estado do Rio (Ajorio), Carla Pinheiro, responsável pela assinatura do convênio com a Fecomércio.
As pesquisas contaram rodas de discussões que envolveram tanto representantes das joalherias, como de instituições de classe em nível nacional, e de outros estados representativos na cadeia de joias no Brasil, como São Paulo e Minas Gerais, e também membros do Sebrae, Firjan e do IBGM. A primeira reunião, realizada em outubro apontou os problemas enfrentados pelo setor para crescer, entre eles a falta de renovação do consumidor.
“Os setores estão envolvidos com as questões do dia-a-dia e não param para pensar na cadeia como um todo. É preciso encarar os desafios frente a frente e pensar fora da caixa para encontrar novas soluções, sejam elas propostas de políticas públicas, ou ações simples, que podem modificar por completo antigos hábitos de uma cadeia”, explicou o coordenador de projetos da FGV Projetos, Irineu Frare.
Identificados os principais pontos problemáticos do setor, os coordenadores do Projeto pediram que os mesmos fossem reduzidos a apenas cinco pontos principais, para que fossem buscadas soluções práticas – entre sugestões de políticas públicas, ações conjuntas e medidas especiais – para serem desenvolvidas pelo setor como um todo.
Falhas na segurança pública e questões relacionadas à tributação dos produtos foram temas citados pelo setor de joias, em comum com os demais pesquisados. Por outro lado, o setor de joias apontou como desafio um aspecto diferencial dos demais, que é a necessidade de reinventar sua imagem para atrair novos públicos, como o público jovem.
Professora Clotilde Perez |
“Há uma difícil batalha a ser travada pelo setor entre a perenidade representada pela joia, que atravessa gerações, e sua necessidade de mudança para se reposicionar no mercado”, comentou Clotilde Perez, doutora em Semiótica, professora da USP e que foi responsável por workshop realizado pela Ajorio como primeira ação para estimular as mudanças na imagem do setor.
Também mereceu destaque nos workshops as deficiências na capacitação de trabalhadores e gestores do setor, apontadas como obstáculos no desenvolvimento do mercado. Entre as soluções apontadas estão a criação de um modelo de capacitação on-line para vendedores de joias e gestores com certificação reconhecida. “Temos como objetivo estimular o desejo do profissional de vendas pela entrada no setor de varejo de joias”, comentou a diretora executiva da Ajorio, Angela Andrade.
Para Fabiana Mello, coordenadora de Moda do Sebrae, há um certo distanciamento entre o setor hoje e o mercado consumidor e seria interessante promover maior aproximação. Entre as propostas para isso estão um grande estudo baseado em Big Data para ver outras possibilidades de consumidores e suas reais necessidades.