De olho nas tendências que vão ditar a moda em joias e acessórios para a Primavera-Verão 2019/2020, Natlhalia Coelho e Eliana Andrello, especialistas da Firjan, apresentaram pesquisa sobre comportamento do consumidor e como elas se traduzem na moda. A palestra Tendências Setoriais aconteceu na sede da Ajorio, na última quinta-feira, dia 25, com muitas informações trazidas das passarelas, feiras internacionais e a moda das ruas.
Correntarias com aros robustos e bastante volume, acabamentos com banhos escurecidos e acetinados, negros, achocolatados, com aparência de manchado ou desgastado, brincos grandes e muitas franjas, curtas ou mais longas, e braceletes largos são algumas da apostas que a especialista em Joias da Firjan, Eliana Andrello, sugeriu aos designers que acompanharam a palestra. As dicas seguem as tendências identificadas no cenário internacional da Moda pela equipe multidisciplinar da Frijan, divididas em três grandes grupos de consumo: Utopia, Metamorfose e Futurismo.
De acordo com Natlhalia Coelho, Utopia representa um grupo de consumidores ligados a causas, em que ética e transparência são as palavras de ordem. Para estas pessoas, é importante que o produto seja sustentável, e que as marcas se posicionem em relação a questões políticas, raciais e de gênero. Alguns cases, como a campanha da Nike com Colin Kaerpernick, ou da Chanel, que lançou linha de maquiagem masculina foram apresentados.
“Nosso setor luta contra a ideia de que não é sustentável, o que considero uma grande inverdade. Somos uma das indústrias mais sustentáveis, porque temos que reaproveitar tudo. É importante defendermos esta visão para o consumidor”, explicou Eliana.
O roxo, cor do ano de 2018 definida pela Pantone, e que também simboliza o movimento feminista, é o tom da Utopia. Fazendo um link com joias, as ametistas são a pedra da vez. A palheta de cores deste grupo é formada por tons vibrantes e contrastantes, o que favorece tons solares como o alaranjado e o vermelho, bem representativos do Rio de Janeiro.
O segundo grupo, Metamorfose, caracteriza-se pelo movimento maker, novos modelos de negócios, economia colaborativa e um olhar focado na sustentabilidade. “Dentro deste grupo de consumo, é importante oferecer serviços customizados, porque são pessoas que tem poder de decisão e que gostam de personalizar as peças”, explicou Eliana.
Uma ideia é oferecer a manutenção das joias nos pontos de venda, fazendo com que o cliente acompanhe processos como polimento, limpeza e desoxidação, ensinando o como fazer para que ele se sinta atuante. “Reciclar e ressignificar são ações que estão no nosso negócio desde sempre. Temos aí uma oportunidade de ouro”, afirmou Eliana.
A palha é um material que se encaixa bem em produtos voltados para este grupo, que pode ser trabalhada em conjunto com o cliente, como uma tela em branco. A palheta de cores aqui é neutra, em tons terrosos. Acessórios artesanais, macramê e crochês, estão nesta tendência, prato cheio para as bijus. Nas estampas, o cacto é novo abacaxi, presente em nove entre dez peças nas vitrines. Folhagens, guipir, patchwork e laços também são inspirações deste universo.
O último grupo, Futurismo, tem a ver com inovações como blockchain, inteligência artificial, criptomoedas, enfim, tecnologias emergentes que já se aplicam à moda e ao cotidiano das pessoas. Esta tendência se reflete em roupas com brilho extravagante e plásticos como tecidos. De acordo com a Eliana, os acessórios deste grupo devem ser grandes, porém foscos, para contrabalançar o brilho excessivo das roupas. “Somos o complemento, por isso é importante olhar para a moda do vestuário quando pensamos em acessórios”, explicou Eliana.
A tendência aponta ainda para peças em acrílico, componentes que vem do plástico e transparências. As correntarias pesadas também estão neste grupo, que exploram uma estética mais exuberante.
Para Eliana, a moda-praia deve ser mais explorada por quem produz acessórios, buscando materiais mais resistentes à exposição do sol e da água do mar. “O Rio de Janeiro é reconhecido internacionalmente pela sua moda praia. Precisamos explorar melhor este nicho”, comentou.