Diante das transformações digitais em curso, é fundamental entender que papel elas podem desempenhar nos modelos de negócios do setor joalheiro para os próximos três a cinco anos. Esta foi uma das principais dicas do consultor Luís Rasquilha, que, na segunda-feira (17/09), conduziu, na Ajorio, com apoio do Sebrae/RJ, o workshop “Transformação Digital”.
Para o consultor, as mudanças impostas pelos avanços tecnológicos são relevantes para todos, mas os usos serão diferentes dependendo do perfil de cada empresa. “É importante selecionar as tecnologias que fazem mais sentido, as que estão disponíveis, hoje, de forma mais barata e simples. Aplicativos de conversação, como o WhatsApp, redes sociais, Instagram, Facebook, e, eventualmente, sites um pouco mais robustos são ferramentas básicas para começar qualquer negócio. Agora, se quisermos ir um pouco mais além, fazer um blockchain para pagamentos em criptomoeda, por exemplo, será que precisamos disso hoje? Talvez seja mais adequado para alguns do que para outros, depende do tipo de cliente”, analisou.
Sobre a presença nas redes, Rasquilha defendeu a tese de que é melhor optar por um canal, e fazer bem feito, do que estar em várias redes sem atualização constante de conteúdo. “Se o empresário não consegue dar conta de três ou quatro redes, a recomendação é escolher uma e fazer direito. O perfil na rede social tem que ser dinâmico e estar permanentemente interagindo com o usuário. Se não, prejudica a imagem da marca. A mensagem é de que não há interesse, de que a empresa não se preocupa com isso. Cria-se uma expectativa que não é correspondida. Neste caso, acho melhor até não ter (rede social)”, afirmou.
A fim de ajudar os participantes a pensarem sobre as tecnologias que mais se aplicam aos seus negócios, Rasquilha apresentou alguns conceitos. Segundo ele, transformação digital refere-se ao modelo de negócio, enquanto estratégia digital tem a ver com o posicionamento, ou seja, como a marca vai estar na rede, se é para divulgar ou captar para um evento, por exemplo.
Já a presença corresponde aos pontos de contato e o portfólio é o que a marca vende e onde. “Se a empresa usa big data para saber exatamente como fazer a segmentação dos clientes e vender nos pontos de contato certos, então há um processo contínuo, porque big data pressupõe conhecer o cliente, preparar a informação e usá-la para tomar decisões. Algumas empresas sequer sabem quem são seus clientes. Ou, se sabem, não os têm caracterizados da forma correta”, explicou.
Raquilha adiantou, ainda, duas conclusões resultantes de um amplo estudo que realizou para o setor de joias, relativas ao consumo por parte dos jovens e do público masculino. “Ouvi falar muito que as novas gerações não compram joias e que é muito difícil vender para homens. Digo que são mitos. Há muita coisa acontecendo e fazendo enorme sucesso nestes segmentos. Então, devolvo a provocação. Será mesmo que não tem espaço para conquistar consumidores mais novos? Talvez o que esteja faltando seja inovação no portfólio de produtos”, disse o consultor, que trouxe os cases de Lana Scolari Diamonds (https://www.instagram.com/lsdiamondsofficial/) e Anil Arjandas (https://www.instagram.com/AnilArjandasJewels/) para ilustrar as afirmações.
Para Rasquilha, a tecnologia deve ser usada para fazer algo diferente, para transformar o modelo de negócio. “Mas antes de tudo é importante entender o cliente. No nosso negócio estamos muito focados em produto, e pouco centrados em propósito. Devemos nos perguntar sobre a relevância do que estamos fazendo e compreender a motivação do consumidor, a fim de criar a experiência. Por fim, não devemos esquecer que a tecnologia é apenas o suporte. O que nos move é a conexão, a experiência humana”, concluiu.
Luís Rasquilha é CEO da Inova Consulting, professor da Fundação Dom Cabral e comentarista da CBN. Em abril, Rasquillha estreou como consultor da Ajorio, com a palestra “O Varejo do Futuro”, em que apresentou as seis grandes tendências para o segmento.